domingo, 2 de março de 2008

O mestre está vivo








Do Blog dos Quadrinhos

Há alguns temas freqüentes e autobiográficos na produção de Will Eisner (1917-2005): a caça aos judeus, a vida dura nos cortiços, a depressão norte-americana da década de 1930, a luta pela sobrevivência. Todos esses elementos estão presentes em "A Força da Vida", álbum inédito dele, lançado este mês no Brasil (Editora Devir, R$ 38,00, 152 págs.).

A obra traz pequenos contos passados na primeira metade dos anos 1930 (principalmente 1934), no período seguinte à queda da Bolsa de Nova York. A falta de emprego e de oportunidades de ascensão social é vista pelo olhar de um grupo de moradores da Avenida Dropsie, no Bronx, onde o próprio Eisner cresceu.

Ele mesmo faz uma "ponta" na figura do desenhista Willie, que se vê dividido entre respeitar a tradição judia da família ou abraçar o ideal comunista. Aos poucos, as tramas curtas vão se entrelaçando e construindo uma narrativa maior, única, que se casa com a proposta lida no nome do álbum.

Há uma espécie de hipótese elaborada por Eisner no início e no fim do álbum (que o autor prefere chamar de graphic novel): o que motiva um ser humano a viver? Cada história individual é uma resposta particular a essa questão, que adquire uma dimensão maior quando vista durante a depressão norte-americana de então.

Apesar de ter elementos temáticos comuns a outras obras, "A Força da Vida" se diferencia dos demais trabalhos num ponto: trata-se de uma história otimista sobre a vida e sobre as dificuldades em conviver com as armadilhas dela.

O álbum - programado inicialmente para o fim de 2007 - faz parte de uma trilogia de histórias de Eisner sobre a Avenida Dropsie. Os outros trabalhos são "Avenida Dropsie" e "Um Contrato com Deus & Outras Histórias de Cortiço", ambos lançados pela Devir). São produções de um momento mais autoral de Eisner, que, na década de 1940, produziu histórias do herói mascarado "Spirit".

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