segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Peter Gabriel vem aí


Acabo de ler no El Clarín que o grande Peter Gabriel vai se apresentar em Buenos Aires - no estádio do Velez - no dia 22 de março. No site do músico, ainda não há uma confirmação oficial (apenas três shows no México estão confirmados), mas uma nota diz que as datas na América do Sul serão divulgadas em breve.

Como quase tudo que chega à Argentina acaba chegando ao Brasil (e vice-versa), é bem provável que a nova turnê mundial de Peter Gabriel faça escalas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Vamos esperar.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Relançados os primeiros discos de Leonard Cohen


Columbia, 1967


Columbia, 1969


Columbia, 1970

Maiores informações, aqui.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Cartum de quarta



Publicado na revista The New Yorker

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Sobre David e Golias


Foto Reuters

Entendo que o assunto é delicado. Se derrapar um pouquinho nas curvas da argumentação, corro o risco de ser taxado de anti-semita. Daí a ser considerado nazista é apenas um passo. Por isso, poucos se atrevem a tomar posição nessa eterna briga entre judeus e palestinos. E quando isso acontece, são tantos os argumentos históricos, políticos e filosóficos, que o essencial acaba sendo ignorado.

E para mim, o essencial é que o poderio militar de Israel - fortalecido ao longo da história (olha ela aí!) pelos Estados Unidos - é infinitamente superior à artilharia mequetrefe do Hamas, com seus foguetinhos de fundo de quintal que quase nunca atingem os alvos - e quando atingem, não matam ninguém. A prova disso é que desde o início dos ataques israelenses, mais de 500 palestinos morreram (muitas mulheres e crianças), contra apenas dois ou três judeus, incluindo nessa estatística um soldado israelense vítima de fogo amigo. A direrença no placar é de praticamente 500 a zero!

Resultado semelhante é o da guerra (neste caso também um eufemismo para massacre) EUA-Iraque. Em quase seis anos de ocupação, os americanos já mataram mais de 100 mil iraquianos (entre civis e militares) e sofreram "apenas" 4 mil baixas. Tanto num caso quanto noutro, o simbolismo da luta entre David e Golias se encaixa como uma luva. E, por princípios que não precisam ser enumerados, eu sempre torci contra Golias.

A única exceção de que me lembro foi a Guerra das Malvinas. É que, neste caso, a lógica se inverteu: David pensou que podia desafiar Golias, invadiu suas terras (de fato, pois de direito é outra história) e bradou arrogante no meio do oceano - "las Malvinas son argentinas!" A resposta veio fulminante, a bordo de caças Harrier e de destroyers da Real Armada Britânica.

Retomando o fio da meada, eu admiro muito o povo judeu, suas ricas tradições, sua imensa cultura, seus escritores, seus cientistas, seus artistas (Bob Dylan e Woody Allen são meus maiores ídolos), mas detesto a sua política de dominação e de opressão pela força. Da mesma forma, eu adoro os Estados Unidos, que considero a minha segunda pátria por afinidade, mas também odeio a obsessão americana de querer provar a todo momento - sempre à custa de milhares de vidas inocentes - que são a nação mais poderosa do planeta.

Em minha modesta opinião, no dia que Golias baixar as armas e tentar conversar de fato com David, respeitando a diplomacia, os direitos humanos e - principalmente - as resoluções da ONU, todas as questões poderão ser resolvidas. Até lá, no entanto, muito sangue ainda vai correr no chão poeirento do Oriente Médio. Quem viver, verá.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Israel


Palestino olha a paisagem em Gaza (Foto AP)

Do blog do José Saramago

Não é do melhor augúrio que o futuro presidente dos Estados Unidos venha repetindo uma e outra vez, sem lhe tremer a voz, que manterá com Israel a "relação especial" que liga os dois países, em particular o apoio incondicional que a Casa Branca tem dispensado à política repressiva (repressiva é dizer pouco) com que os governantes (e porque não também os governados?) israelitas não têm feito outra coisa senão martirizar por todos os modos e meios o povo palestino.

Se a Barack Obama não lhe repugna tomar o seu chá com verdugos e criminosos de guerra, bom proveito lhe faça, mas não conte com a aprovação da gente honesta. Outros presidentes colegas seus o fizeram antes sem precisarem de outra justificação que a tal "relação especial" com a qual se deu cobertura a quantas ignomínias foram tramadas pelos dois países contra os direitos nacionais dos palestinos.

Ao longo da campanha eleitoral Barack Obama, fosse por vivência pessoal ou por estratégia política, soube dar de si mesmo a imagem de um pai estremoso. Isso me leva a sugerir-lhe que conte esta noite uma história às suas filhas antes de adormecerem, a história de um barco que transportava quatro toneladas de medicamentos para acudir à terrível situação sanitária da população de Gaza e que esse barco, Dignidade era o seu nome, foi destruído por um ataque de forças navais israelitas sob o pretexto de que não tinha autorização para atracar nas suas costas (julgava eu, afinal ignorante, que as costas de Gaza eram palestinas…). E não se surpreenda se uma das suas filhas, ou as duas em coro, lhe disserem: "Não te canses, papá, já sabemos o que é uma relação especial, chama-se cumplicidade no crime".

Visto primeiro no Catarro Verde.